Está aí uma coisa que angustia muitos pais: deixar seus filhos pela
primeira vez na vida, sozinhos, na escola. Se você conversar com
qualquer professor de crianças, ele terá várias histórias para
contar. Uma ansiedade de separação. Mas nem sempre essa ansiedade é
sentida pela criança. Muitas vezes é sentida somente pelos pais.
Medo de saber que o filho está longe da segurança de suas “asas”,
de não ter mais o controle sobre o que acontece com ele. Culpa por
“deixá-lo sozinho”. Preocupação se ele vai se adaptar, se não
vai sentir falta dos pais e chorar...Pior é quando a criança, de
tão animada com as novidades da escola que nem sente a tal
separação. Que martírio!
“Mas a escola não era para ser legal? Então porque minha mãe
tá chorando?” - pensa a criança. Então ela desconfia que as
coisas boas ditas a respeito da escola não são tão boas assim. Do
contrário, porque sua mãe estaria chorando?? A criança então,
sente-se insegura e chora também... aí fica o “chororô” entre
pais e filhos, e os professores tendo que administrar tanta carga
emocional.
Lembro do meu primeiro dia de aula. Cidade nova, escola nova. Não
conhecia ninguém. Lembro do meu pai me levando pelo longo caminho
entre o portão da escola e o pátio onde se reuniram os alunos em
fila para a entrada nas salas de aula. A fila era em ordem crescente
de tamanho, primeiro os menores e depois os maiores. Meu pai me
apresentou para uma professora, se despediu e saiu. A professora
pediu que eu fosse ao final da fila, já que estava em cima da hora
da entrada dos alunos à sala. No final da fila, estava uma menina
muito alta, enorme, na verdade. Duvidei que ela fosse da primeira
série, e conclui que talvez eu tivesse na fila errada, que tivesse
que estar entre criança menores. Não encontrei nenhuma fila de
crianças meu tamanho (eu era bem pequena), e resultado: todas as
crianças entraram nas salas e eu fiquei ali sozinha no pátio. O que
eu fiz? No auge dos meus 6 anos recém completos, chorei até ser
acudida por uma secretária que me encaminhou até a minha turma.
O que eu quero dizer com isso?
Que as crianças sabem se virar, de uma maneira ou outra. O que é
importante é que a criança se sinta segura por algum adulto nesta
situação nova (e quem sabe com situações inusitadas, como esta
que passei). É importante que os pais consigam segurar a própria
ansiedade de estar longe dos filhos, e lidar com a fantasia que eles
são frágeis, indefesos. Se eles se sentirem seguros e souberem que
podem recorrer a algum adulto na escola, essa adaptação à nova
fase de vida será mais fácil. Será mais fácil encarar a sala de
aula sabendo que seus papais estão seguros lá fora...
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