quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Que País é Esse???


Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?” (Legião Urbana – 1987)

Outro dia, num show do Capital Inicial, a banda tocou a música do Legião Urbana “Que País é Esse?”. Me surpreendi que no refrão da música, que repetia a frase “que país é esse?” a multidão respondia “é a P... do Brasil”.
Confesso que fiquei horrorizada com a empolgação das pessoas em xingar nosso país. Parece que o patriotismo está suprimido apenas para o dia 7 de setembro, ou às vezes nem isso.
Um país é feito por todo um povo, com sua cultura, costumes e ideais. E por mais que passamos por tantas dificuldades e injustiças, nosso país é maravilhoso. Maravilhoso como? Com tanta falcatrua, roubalheira, tanta miséria?
Somos um país em crescimento, com uma extensa área cultivável, com muitas riquezas naturais. Somos um povo criativo e bem humorado, com uma diversidade cultural enorme. O grande problema é que nós, infelizmente, aceitamos passivamente a desonestidade, a injustiça. Elegemos governantes em favor de interesses próprios (desde a dentadura pelo voto até o apoio aliado a interesses pessoais futuros).
Que país é esse? Realmente é uma p.... mas não o Brasil. Nós! Nós que poucas vezes nos mobilizamos e exigimos de nossos representantes uma conduta séria. Nós que nem sabemos direito o que faz um vereador ou um deputado. Nós que não nos posicionamos diante das injustiças, que não cobramos de nossos governantes e representantes. Que esquecemos em quem votamos nas últimas eleições. Esquecemos de cobrar daqueles que nos representam.
Nosso país ainda tem muita coisa boa, e devemos amar e nos orgulhar dele. Amar tanto a ponto de abrir mão de uma “vantagenzinha” aqui e ali, em favor da justiça, do interesse maior da comunidade. Isso é ética. São valores que jamais devem ser esquecidos.
Vamos amar nosso país. Vamos fazer dele o que desejamos. Mas isso começa a partir de nós, do nosso exemplo, dentro e fora de casa. Abrir mão da velha “lei” de tirar vantagem de tudo. Pagar devidamente os impostos. Estranho? Não, é óbvio. Como vamos cobrar honestidade dos governantes se ao menos fazemos nossa parte?
Creio que é bem verdade a frase “cada povo tem o governo que merece”.
Que país é esse? É o Brasil que nós fazemos!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Confusões em Família


Outro dia estava conversando com algumas pessoas a respeito das confusões entre família e fiquei refletindo sobre algumas coisas interessantes:
Toda família tem problema, tem um encrenqueiro, um apaziguador e alguém pra dar opinião para alguma coisa. Toda família tem uma história não contada, um fato marcante e um jeito todo peculiar de se relacionar.
Sempre achamos que a família do vizinho é mais legal que a nossa, até começarmos a conviver mais com ela e vemos o quanto a nossa, apesar dos problemas, é mais gostosa de participar.
E toda família passa por alguma crise. Algumas mais longas outras mais curtas, mas passa. Sempre tem uma briga, uma encrenca, onde uma parte da família fica para um lado, e a outra, para outro. O mais interessante é que as vezes, coisas pequenas, pessoas da mesma família podem ficar muito tempo, até anos, sem se falar.
Realidade, muitas vezes muito triste, pois as pessoas alimentam mágoa, rancor e vivem separadas. E pior, a situação serve de exemplo negativo para crianças. O estranho é que se você for ouvir a versão de cada lado, você vai perceber que cada um tem uma razão totalmente compreensível. E aí? O que fazer?
Acredito que a maior dificuldade envolvida nestas situações é o orgulho e dificuldade de abrir mão da “razão” que cultivam em favor da proximidade e boa convivência. Pagam um preço alto para viver em “pé de guerra”, incrementada por comentários, fofoquinhas e agressões veladas.
Isso é família? Não deveria ser, mas acontece.
Buscar a conciliação, a harmonia é válido e é um crescimento. É válido abandonar a crítica, o julgamento, a “razão”. Como diria um amigo meu: “o que você prefere: ter razão ou ser feliz?”.
A escolha é sua.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aos Perfeitinhos


Mais uma vez tenho um vazio para escrever o artigo desta semana. Penso em várias coisas, mas nada parece interessante o suficiente, novo o suficiente. Penso então em escrever sobre o “suficiente”. De novo parece que as ideias se esgotam diante do infinito de possibilidades.
Estaria eu me bloqueando? Estaria esbarrando num perfeccionismo que não deixa o imperfeito aparecer? Outro dia ouvi de um colega profissional, que o perfeccionismo esconde uma insegurança.
Agora, pensando sobre o assunto, acho que é mesmo. Para que tanta exigência para comigo?
Eu nunca havia pensado sobre isso, até porque acreditava eu que o perfeccionismo poderia ser uma qualidade. Acho que desta vez me enganei. Não que não devamos fazer as coisas bem feitas. O problema é quando o perfeccionismo nos impede de começar a fazer o que desejamos. Como estava eu, nas linhas acima, toda bloqueada. Resolvi deixar as palavras fluírem, e olha o que apareceu? Um artigo sobre como o perfeccionismo!
Percebo agora o quanto o nível de exigência que impomos a nós mesmos pode ser cruel e limitador. Ele impede que as falhas apareçam e criatividade também! Então nos cercamos da insegurança, onde o “ousar” revela falhas que não podem ser vistas de jeito nenhum.
Mas porque é mais fácil aceitar as falhas dos outros e não aceitar as próprias? Para que o meu melhor nunca é bom o suficiente? Para que precisamos agradar o tempo todo?
Costumo dizer em palestras e treinamentos que a diferença entre uma qualidade e um defeito, numa pessoa, vai depender principalmente do grau de manifestação das características dela. Ou seja, quando falamos em dedicação para fazer algo podemos ir do desleixo para o extremo do perfeccionismo. Ambos prejudicam a pessoa. O primeiro é porque se você faz mal feito, vai ter que fazer duas vezes (no mínimo) levando à perda de tempo e energia. O segundo extremo pode te impedir de conseguir finalizar (ou até começar) aquilo que é necessário ser feito (perdendo tempo e energia também). O ideal é o equilíbrio.
Avalie o seu grau de auto-exigência. Ele impede suas realizações e te leva à perda de tempo? Ou dá solidez aos seus atos?
Se você sofre com o perfeccionismo, quando perceberes que ele te impede de iniciar ou terminar algo, experiente relaxar. Experimente deixar fluir suas ações sem julgamentos. Simplesmente deixar sair. As vezes coisas muito legais podem aparecer naturalmente... como este artigo. De início travado, depois, sem tanta exigência, mais fluido . E você chegou com a leitura até aqui. Gostou? Pra mim hoje, isso não importa.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aos Pais... (e Mães!)


Tenho observado uma grande preocupação dos pais em relação à melhor forma de criar seus filhos. Preocupação em ter as melhores decisões, em dar a melhor educação, em ter a melhor atitude para com seus filhos. Muitas vezes se deparam em situações em que não sabem o que fazer, ficam angustiados, perdidos. Procuram acertar. Se avaliam o tempo todo. Se cobram, se culpam.
Mas o que fazer diante de um mundo tão estranho ao que vivemos na infância? Com certeza, as crianças de hoje são muito diferentes das crianças que fomos. A tecnologia, os anseios, as cobranças e os desejos são diversos. E parece que as experiências já vividas, não servem de suporte para as decisões.
Creio que o caminho para a superação destas angústias é olhar para si mesmo, ouvir a voz do coração. Mas não aquela voz que faz você se sentir culpado por trabalhar o dia inteiro e chegar só à noite em casa, e para compensar deixar seu filho fazer o que quiser. É olhar para dentro, deixar a culpa de lado e ver o que é necessário.
Do que é que seu filho precisa? De limites? De saber o que é certo e o que é errado? De um tempo maior com você, brincar junto, passear, ler uma história? É desse olhar que é necessário. As crianças não precisam ter o vídeo-game de ultima geração. Elas precisam de relacionamentos saudáveis em casa. Precisam de pais que não só falem o que elas devem fazer, mas que façam o que é certo. Os pais precisam ser exemplos de vida, modelos de atitude. Seus filhos são reflexos do que vocês são em casa.
Num mundo tão conturbado e com valores tão deturpados, a lar deve ser um refúgio. E os pais tem a maior responsabilidade em tornar isto real. Procurar deixar os problemas do trabalho no trabalho. Dedicar tempo de qualidade para a família (e não simplesmente chegar em casa, ligar a TV e “desligar” para a vida). Ter aquele momento em que você está realmente com a pessoa, com seu cônjuge, com seus filhos. Que você está disposto a ouvir, conversar, compartilhar, rir, chorar juntos. Sonhar juntos o futuro da família (aquisições, passeios, viagens, finais de semana).
Todos os pais falham, erram. Não há como evitar isso. Mas buscar dar o seu melhor faz toda a diferença. Gosto muito da frase “quando nasce uma criança, nasce também um pai, uma mãe”. Assim como uma criança nasce, vai crescendo e aos poucos aprendendo e amadurecendo, também são os pais na mesma jornada. Não existe pai e mãe prontos. Eles nascem com seus filhos, e vão crescendo com eles. A diferença é que eles já tem uma bagagem maior de experiências vividas para orientar seus filhos.
Saber investir bem o seu tempo, faz toda a diferença. Ser exemplo de vida, de conduta, vale muito mais do que mil palavras. Não se culpe por suas falhas. Busque dar o seu melhor: seu tempo e seu exemplo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amor, Amor



João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história
.” (Carlos Drummond de Andrade)

O poema “Quadrilha” retrata bem o que acontece na história de muitas pessoas: o amor não correspondido. Quem já não sofreu com isso? Infelizmente as decepções fazem parte da vida, e só nos resta convivermos com isso e “levarmos a vida pra frente”.
Aliás, o risco da decepção sempre caminha junto com qualquer relacionamento. Como já coloquei em artigos anteriores, a decepção é sócia da expectativa: só nos decepcionamos quando esperamos algo das pessoas. A explicação? Simples: as expectativas e os valores nem sempre são iguais. Isso vale para os gestos de carinho: são diferentes para cada pessoa.
Compliquei? Explico com um exemplo: muitos pais ficam chateados com seus filhos por estarem “reclamando” deles sendo que estes trabalham exaustivamente para oferecer-lhes o melhor? Aqui temos uma situação por dois pontos de vista: 1- dos pais, que acham que seus filhos são ingratos por não reconhecerem seu esforço para dar-lhe o tão sonhado videogame; 2- dos filhos, que gostam do vídeo-game, mas gostariam de ter um pouco mais de diálogo e atenção dos pais.
Percebeu? Dar coisas é gesto de carinho. Dar atenção, conversar, também é carinho. E neste caso ambos ficam insatisfeitos, porque as expectativas de demonstração de amor são diferentes.
Quando essa divergência acontece, a tendência das pessoas é começar com cobranças, desgastando o relacionamento, especialmente no namoro ou casamento. Quando a pessoa cobra, o que ela mais deseja é ser atendida na sua expectativa de carinho. Mas quem é cobrado fica ressentido, acreditando que não é valorizando. Final da história: brigas, palavras mal utilizadas, ressentimento, afastamento.
É preciso fugir da cobrança, pois nela colocamos o outro como “vilão” da história. Mas em relacionamentos não existe “vilão” nem “mocinho”. Se algo não está legal, a responsabilidade é de ambos. É preciso em primeiro lugar avaliar a si mesmo: será que as minhas atitudes estão contribuindo com a saúde do meu relacionamento? Cobrar e culpar é fácil. Difícil é admitir que também falhamos, que as vezes o que achamos que é melhor, pode não ser o melhor para quem amamos. Como superar isso? Diálogo!
Conversar é importante. Entender que os desejos são diferentes para cada um, e que investir nos relacionamentos é saber o que toca o coração de quem amamos.

Sugestão de leitura: “As Cinco Linguagens do Amor” (Gary Chapman)