terça-feira, 15 de abril de 2014

A Intimidade Além das Quatro Paredes - Parte I




Fotos e vídeos de adolescentes e jovens nuas ou seminuas tem se espalhado via Whats App em Goioerê.

O whats app é um aplicativo para celular que permite o envio de mensagens, fotos e vídeos por meio da internet, onde uma mensagem pode ser enviada de um celular para outro, ou em grupos, o que permite a rápida disseminação de uma imagem, vídeo ou mensagem. O benefício da rápida comunicação via whats app também carrega o perigo da propagação de fotos íntimas entre os aparelhos de celulares, tornado-se o principal disseminador de material constrangedor e pornografia involuntária na internet.

Observa-se que várias moças/mulheres, com idades entre 15 e 25 anos, tem fotos suas nuas ou vídeos sensuais espalhados entre os aparelhos de celular da população.
A maneira com que uma foto íntima pode “cair na rede” pode ser diversa e não é um fato isolado em Goioerê. Observa-se que há duas formas principais de uma foto íntima cair na rede: a moça para agradar um namorado ou seduzir um parceiro se fotografa nua e envia para a pessoa. A partir daí é praticamente impossível controlar ou prever o destino destas fotos. O romance pode terminar (ou nem começar) e quem recebeu a foto não respeitar a intimidade que foi lhe foi confiada e aproveita para “compartilha-la” com os amigos, como um troféu onde normalmente ela é admirada pelos seus apelos sexuais e ao mesmo tempo desqualificada como “vagabunda”.
Outro modo, é quando o possuidor desta foto, compartilha a foto com o intuito de punir, agredir ou se vingar da moça.
Há ainda situações onde a própria moça publica suas fotos como meio de promoção pessoal/sexual, como uma busca de admiração ou cobiça dos homens.

Seja estas imagens e vídeos produzidos e divulgados de maneira voluntária ou não, trata-se de observar o comportamento cruel, perverso e banal da nossa sociedade.
Em primeiro lugar há um moralismo hipócrita quanto ao comportamento sexual da mulher, a qual, ao mesmo tempo é exigida de ser sexualmente “liberada" e ativa, e condenada por viver plenamente sua sexualidade. A mulher potencialmente valorizada pelos homens é a mulher gostosa, voluptuosa, sexy em seus microvestidos na balada. De modo contraditório esta mesma mulher é tida como vagabunda, “biscate”, inferiorizada como um objeto de segunda categoria. Há um apelo constante da moda, da mídia e da sociedade para que a mulher seja “gostosa”, e ao mesmo tempo, o vivenciar disto, passa pela condenação social: deve-se parecer, mas não ser. O que isso tudo quer dizer?
Entre outras coisas, percebe-se que não há uma consciência quanto à disseminação destas fotos, com a falsa segurança de que uma foto ficaria restrita a um aparelho de celular, como se isso não fosse diferente de publicar uma foto íntima num outdoor ou na primeira página deste jornal, por exemplo.
Em segundo lugar, observa-se que as relações entre as pessoas tem se tornado cada vez mais superficiais e comerciais, onde o corpo é um objeto de troca e uso, e neste sentido as pessoas tem perdido a noção de que a intimidade é algo que precisa ser preservado e caem na armadilha da publicação de suas fotos e no posterior julgamento da sociedade.
(Esta materia continua na próxima edição)

Cuidados para não “cair na rede”:

  • Se você não tem coragem que a foto/vídeo fosse publicada na primeira página do jornal ou que seja vista por sua mãe, não poste, não envie no whats app e muito menos fotografe/grave.
  • Quando o assunto é foto íntima, não confie. Se o namorado, ficante ou pretendente pedir, ignore. Não se pode contar com a sorte. O cara até pode ser um “santo”, mas nada impede de futuramente ele mudar de idéia e resolver não respeitar mais você. Imagine se o aparelho celular for roubado ou algum amigo resolve fuçar onde não deve?
  • Assim como é impossível recuperar todas as penas quando se abre um travesseiro do alto de um prédio, é impossível controlar o destino de fotos e vídeos na internet. O celular dá uma falsa sensação de segurança de que a foto ficará somente com o destinatário. Mas a segurança é falsa, e a disseminação é real e o julgamento da sociedade é cruel
  • Viva a sua intimidade na intimidade. Assim como guardamos uma jóia cara com o maior cuidado e segurança, nossa intimidade também precisa ser preservada e vivida somente com as pessoas que possam valorizar, respeitar e honrar.