quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amor, Amor



João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história
.” (Carlos Drummond de Andrade)

O poema “Quadrilha” retrata bem o que acontece na história de muitas pessoas: o amor não correspondido. Quem já não sofreu com isso? Infelizmente as decepções fazem parte da vida, e só nos resta convivermos com isso e “levarmos a vida pra frente”.
Aliás, o risco da decepção sempre caminha junto com qualquer relacionamento. Como já coloquei em artigos anteriores, a decepção é sócia da expectativa: só nos decepcionamos quando esperamos algo das pessoas. A explicação? Simples: as expectativas e os valores nem sempre são iguais. Isso vale para os gestos de carinho: são diferentes para cada pessoa.
Compliquei? Explico com um exemplo: muitos pais ficam chateados com seus filhos por estarem “reclamando” deles sendo que estes trabalham exaustivamente para oferecer-lhes o melhor? Aqui temos uma situação por dois pontos de vista: 1- dos pais, que acham que seus filhos são ingratos por não reconhecerem seu esforço para dar-lhe o tão sonhado videogame; 2- dos filhos, que gostam do vídeo-game, mas gostariam de ter um pouco mais de diálogo e atenção dos pais.
Percebeu? Dar coisas é gesto de carinho. Dar atenção, conversar, também é carinho. E neste caso ambos ficam insatisfeitos, porque as expectativas de demonstração de amor são diferentes.
Quando essa divergência acontece, a tendência das pessoas é começar com cobranças, desgastando o relacionamento, especialmente no namoro ou casamento. Quando a pessoa cobra, o que ela mais deseja é ser atendida na sua expectativa de carinho. Mas quem é cobrado fica ressentido, acreditando que não é valorizando. Final da história: brigas, palavras mal utilizadas, ressentimento, afastamento.
É preciso fugir da cobrança, pois nela colocamos o outro como “vilão” da história. Mas em relacionamentos não existe “vilão” nem “mocinho”. Se algo não está legal, a responsabilidade é de ambos. É preciso em primeiro lugar avaliar a si mesmo: será que as minhas atitudes estão contribuindo com a saúde do meu relacionamento? Cobrar e culpar é fácil. Difícil é admitir que também falhamos, que as vezes o que achamos que é melhor, pode não ser o melhor para quem amamos. Como superar isso? Diálogo!
Conversar é importante. Entender que os desejos são diferentes para cada um, e que investir nos relacionamentos é saber o que toca o coração de quem amamos.

Sugestão de leitura: “As Cinco Linguagens do Amor” (Gary Chapman)

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