“João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os
Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.” (Carlos Drummond de Andrade)
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.” (Carlos Drummond de Andrade)
O poema “Quadrilha” retrata bem o que acontece na história de
muitas pessoas: o amor não correspondido. Quem já não sofreu com
isso? Infelizmente as decepções fazem parte da vida, e só nos
resta convivermos com isso e “levarmos a vida pra frente”.
Aliás, o risco da decepção sempre caminha junto com qualquer
relacionamento. Como já coloquei em artigos anteriores, a decepção
é sócia da expectativa: só nos decepcionamos quando esperamos algo
das pessoas. A explicação? Simples: as expectativas e os valores
nem sempre são iguais. Isso vale para os gestos de carinho: são
diferentes para cada pessoa.
Compliquei? Explico com um exemplo: muitos pais ficam chateados com
seus filhos por estarem “reclamando” deles sendo que estes
trabalham exaustivamente para oferecer-lhes o melhor? Aqui temos uma
situação por dois pontos de vista: 1- dos pais, que acham que seus
filhos são ingratos por não reconhecerem seu esforço para dar-lhe
o tão sonhado videogame; 2- dos filhos, que gostam do vídeo-game,
mas gostariam de ter um pouco mais de diálogo e atenção dos pais.
Percebeu? Dar coisas é gesto de carinho. Dar atenção, conversar,
também é carinho. E neste caso ambos ficam insatisfeitos, porque as
expectativas de demonstração de amor são diferentes.
Quando essa divergência acontece, a tendência das pessoas é
começar com cobranças, desgastando o relacionamento, especialmente
no namoro ou casamento. Quando a pessoa cobra, o que ela mais deseja
é ser atendida na sua expectativa de carinho. Mas quem é cobrado
fica ressentido, acreditando que não é valorizando. Final da
história: brigas, palavras mal utilizadas, ressentimento,
afastamento.
É preciso fugir da cobrança, pois nela colocamos o outro como
“vilão” da história. Mas em relacionamentos não existe “vilão”
nem “mocinho”. Se algo não está legal, a responsabilidade é de
ambos. É preciso em primeiro lugar avaliar a si mesmo: será que as
minhas atitudes estão contribuindo com a saúde do meu
relacionamento? Cobrar e culpar é fácil. Difícil é admitir que
também falhamos, que as vezes o que achamos que é melhor, pode não
ser o melhor para quem amamos. Como superar isso? Diálogo!
Conversar é importante. Entender que os desejos são diferentes para
cada um, e que investir nos relacionamentos é saber o que toca o
coração de quem amamos.
Sugestão de leitura: “As Cinco Linguagens do Amor” (Gary
Chapman)
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