quarta-feira, 9 de março de 2011

Depressão


Um leitor pergunta:
Tomo medicamento para depressão há algum tempo. No início do tratamento me senti um pouco melhor, mas com o tempo os sentimentos de tristeza constante, desânimo e vontade de morrer voltaram. Meu médico aumentou a dose do meu medicamento, mas não quero tomar remédio a vida inteira. Existe alguma maneira de resolver este problema? (Joana*, 42 anos)

Em primeiro lugar, precisamos levar em consideração que os sintomas da depressão (tristeza, irritabilidade, desânimo, pensamentos de morte, sentimento de inutilidade, etc.) na maior parte dos casos, tem origem nas emoções e na maneira como a pessoa lida com elas. Muitas vezes, sentimentos doloridos há muito tempo guardados, raiva, situações de perdas podem levar a pessoa a um quadro depressivo. Sendo assim, fica a pergunta: como um comprimido pode trazer novamente a felicidade para alguém sem que estas emoções sejam curadas?
Remédios para depressão (e tantos outros que existem por aí) não anulam a tristeza guardada, a dor de uma palavra não dita ou a mágoa que você tem de alguém. O medicamento não vai mudar a forma como você enxerga a vida ou se relaciona com as pessoas. Tem gente que acredita que sim, mas não é verdade.
Na realidade, o medicamento (no caso, para depressão) tem uma atuação direta no organismo, favorecendo o aumento da produção de uma substância chamada serotonina, que é responsável pela sensação de prazer e bem estar. Ou seja, ele ajuda nosso corpo a se sentir melhor, mas não resolve o problema de ninguém. Medicamento não cura mágoa, não resolve desentendimentos, não dá sentido para a vida. Mas ele é importante sim! Especialmente nos casos onde a depressão (ou outro problema emocional) esteja interferindo drasticamente na vida social, familiar e profissional da pessoa, e principalmente nos casos em que ela pode colocar a própria vida em risco.
Os medicamentos, sempre com a orientação e prescrição médica, podem ser aliados num tratamento das dificuldades emocionais de uma pessoa, mas acredito que não deva ser o único meio de resolver isso. Não adianta nada tomar remédio e não enfrentar suas dificuldades, não olhar para as próprias emoções ou não mudar hábitos. Você só estaria adiando um problema, e aumentando a dose do medicamento para “segurar” as emoções engasgadas na garganta.
Certa vez atendi uma senhora que há 10 anos tomava medicamento para depressão, com doses cada vez mais fortes. Ela nunca havia procurado outro tipo de ajuda, até não aguentar mais tomar tanto remédio. Conversando com ela, foi possível perceber quanto sentimento estava enclausurado em seu coração, quanta dificuldade para expor o que sente e mais ainda, uma grande dificuldade de se defender daqueles que a prejudicavam. Quando estas situações puderam ser vistas e tratadas, ela começou a se sentir melhor. E com a orientação médica, aos poucos foi reduzindo a dose dos medicamentos. Da última vez que a atendi, ela disse que agora está vivendo e podendo ser feliz.
É importante deixar claro, que não sou contra o uso dos medicamentos em situações de depressão ou outras dificuldades emocionais/sociais, desde que o tratamento medicamentoso esteja aliado a um tratamento psicoterápico. Não podemos tratar somente dos sintomas. É necessário tratar a causa. E nestes casos um profissional de psicologia pode em muito lhe ajudar.

No próximo artigo vamos falar um pouco mais sobre a depressão. Mas se você tiver qualquer outra dúvida, mande sua pergunta: irisschurt@yahoo.com.br ou tribunagoio@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário